quarta-feira, 30 de julho de 2008

À Velha Fábrica III

No Terceiro Dia

Roteiro Alex Huche

Núcleo de Adolescentes Multiplicadores (2006)
E.M. Mal. Mascarenhas de Morais


Ato I

Marcos fala com o público.


Marcos – Me lembro de ter subido o morro naquele dia, um dia quente, crianças correndo pra todo lado, mulheres com rolinhos nos cabelos nas portas de casa, Homens armados... Se é que meninos de 17 anos são homens. ...e lá estava ele sentado imponente.


Marcos sobe o morro para falar com seu amigo Marcelo.


Marcelo – Coé, tá fazendo o quê aqui em cima?
Marcos – Sabe que dia é hoje?
Marcelo – Sei, claro, é o nosso aniversário...
Marcos – Pois é ... queria te ver... faz tanto tempo que...
Marcelo – É... o tempo... é muito louco.
Marcos – Já tá chapado?
Marcelo – Só um pouco... cara, lembra quando a gente jogava aquela bola?.. não tinha pra ninguém.
Marcos- Pode crêr... Tu era sinistro... como estão as coisas?
Marcelo – Tamo aí.
Marcos – Já pensou em sair daqui?
Marcelo – Sair daqui?... Aqui sou Rei.
Marcos – Rei que recebe ordens de quem nem está aqui.
Marcelo – E você, trabalhando no asfalto e tomando bronca de otário e tendo que abaixar a cabeça?...vai me dizer que tá indo a igreja?
Marcos – Não, não estou, mas acredito em Deus.
Marcelo – Deus!... esse não passa aqui faz tempo, mas querer o quê?... se até o filho ele deixou na mão... prefiro o meu canhão.
Marcos – E por falar em pai, tem visto o teu?
Marcelo – Putz, não vejo o coroa há um tempão, desde o dia em que ele subiu aqui pra me levar daqui... Pô sabe como é, tô aqui com a maior moral e ele vem aqui e... cara me senti na quinta série, quando os meus pais iam na escola, maior vergonha.
Marcos – E aí?
Marcelo – Pô esculacharam o coroa, botaram ele pra ralar .
Marcos – E você?
Marcelo – O quê que tem?
Marcos – Não fez nada?
Marcelo – Fazer o quê?... já sou homem.
Marcos – Sei... e pensar que você tinha tudo.
Marcelo – Você fala isso porque você não tinha nada, e não sabe o que é ter que ser igual ao seu irmão, melhor que os seus amigos e ver todo mundo ser o máximo... Você não... não tinha nada, nem pai pra te encher o saco.
Marcos – Engraçado você falar nisso, estava com o Márcio falando sobre isso, sobre nós dois, ainda ontem.
Marcelo – Márcio, que Márcio?
Marcos – O Professor Márcio, ele me explicou que existe uma coisa, como é que é mesmo?... É Resi... Resiliência, é quando duas pessoas diferentes reagem as dificuldades da vida, uns são mais resistentes aos problemas.
Marcelo – O Professor Márcio nunca gostou de mim.
Marcos – Não é verdade, ele sempre se preocupou muito com você.
Marcelo – Ele nunca gostou de mim, como eu era, sempre tentou me mudar, aceitar o meu jeito, ele nunca quis.
Marcos – Mas você queria o quê, fazendo tanta besteira?
Marcelo – Ah, eu já entendi, você quer vir aqui e me mudar, também.
Marcos – Por que você não larga as drogas e não sai dessa vida?
Marcelo – Porque, hoje, eu sou eu de verdade.
Marcos – Não acredito nisso, você sempre foi contra as injustiças.
Marcelo – Injustiça é a polícia te esculachar só por você apertar unzinho.
Marcos – Pelo o que vejo, você não usa só maconha, né?
Marcelo – Dois amigos meus, vieram comprar maconha e quando desceram, foram mortos pela polícia, cadê aquele papo de usuário não ser bandido?
Marcos – Você sabe que essas coisas acontecem... larga isso, sai dessa...
Marcelo – Não dá, nem que eu quisesse, meu mundo é aqui.
Marcos – Isso não é o mundo de ninguém.
Marcelo – Lá vem você com esse papo de perdedor.
Marcos – Vamos ver seus pais?
Marcelo – Pô, tu tá chato, hein.
Marcos – Só porque quero salvar um amigo, um irmão?
Marcelo – Quem quer ser salvo?... A vida pra mim, agora é a mais de cem, não quero o teu mundinho.
Marcos – Esperei o dia de hoje, nosso aniversário, pra ajudá-lo a renascer.
Marcelo – Renascer... sei... Quer saber, vai embora daqui, mete o pé, você também não me aceita, não gosta de mim... Vai embora!
Marcos – Eu vou, mas vou voltar, não vou desistir de você.
Marcelo – Tá, Tá bom... Vai continue sonhando em ser Doutor, vai ser escravo lá embaixo.
Marcos – Como se você fosse livre aqui em cima.
Marcelo – Tá fazendo o quê aqui, ainda, Rala!

Marcos – Essa foi a última vez que eu o vi...
Fiquei sabendo que três dias depois, em uma batida da polícia, ele bateu de frente com os homens, parecia não ter nada a perder...
Foi quando o pior aconteceu, ao invés de ser salvo, ele se perdeu de vez...
Dizem que as suas últimas palavras foram: Marcos, agora eu consegui sair.

Por que as coisas na vida têm que ser tão trágicas?...


Vamos mudar tudo!

Marcos – Esperei o dia de hoje, nosso aniversário, pra ajudá-lo a renascer.


Marcelo – Renascer... sei... Quer saber, vai embora daqui, mete o pé, você também não me aceita, não gosta de mim... Vai embora!


Marcos – Eu vou, mas vou voltar, não vou desistir de você.


Marcelo – Tá, Tá bom... Vai continue sonhando em ser Doutor, vai ser escravo lá embaixo.


Marcos – Como se você fosse livre aqui em cima.

Marcelo – Tá fazendo o quê aqui, ainda, Rala!

Marcos – Essa foi a última vez que o vi...
Só sei que três dias depois, sem falar nada com ninguém, ele desceu o morro, voltou para casa e procurou ajuda, se tratou e agora visita centros de reabilitações de drogados, fazendo palestras contra o uso de drogas, e depois de tanto tempo, o estou esperando chegar com o seu filho, ele quer que mostremos juntos o bairro que crescemos.

É assim ficou bem melhor.


Fim

Peça encenada pelo Núcleo de Adolescentes no ano de 2006 e transformada em fotonovela

À Velha Fábrica II



Bully



Roteiro de Alex Huche



Núcleo de Adolescentes Multiplicadores (2004)

E.M. Mal. Mascarenhas de Morais



Ato I ( Pátio da Escola )



Léo está no Pátio da escola e se aproximam: Bruna, Carol, Débora, Igor e Júnior.



Léo – E aí galera!

Grupo – Fala Léo!

Léo – Estava só esperando vocês chegarem!

Júnior – Qual foi?

Léo – Sabe aquele trabalho idiota da turma da Tarde?

Carol – O que você fez desta vez?

Léo – Qual é Carol, vai cortar a onda?

Igor – O que você fez, mané?

Léo (Mostrando, orgulhoso, parte do trabalho rasgado) – Isso aqui é só uma parte, tem que ver como ficou o resto.



Débora (rindo) – Tu é muito doido!

Carol (revoltada) – Você acha isso certo, por acaso, você sabe quanto tempo eles gastaram em pesquisas pra fazer esse trabalho...

Léo – Tá, tá ... Parece a minha mãe... e aí Igor, você continua querendo ser Astrólogo?

Igor – Não seu imbecil, é Astrônomo.

Léo – Tanto faz, você não vai conseguir ser nada mesmo... tu é pobre, favelado, idiota e ainda por cima é burro!

Bruna – Qual é, Léo, deixa o menino sonhar?

Carol (Enquanto Léo a olha com desprezo) – Bruna, ele fala isso porque ele não quer ser nada na vida.

Júnior – Olha aí o lerdo do Davi.




O grupo, exceto Carol, caçoa de Davi enquanto ele passa de cabeça baixa e senta num canto do pátio, como sempre acontece.



Débora – Olha a roupa dele.

Carol (Defendendo o Davi) – Deixa o garoto, todo dia é isso, vocês não têm mais o que fazer? ( sai de cena )

Léo (enquanto Davi se senta) – Por isso que eu não gosto desse lerdão, mariquinha, um dia eu meto a porrada nele!



Ato II ( Pátio da Escola )




Léo, Igor, Júnior, Débora e Bruna estão reunidos no pátio e Marina passa por eles e cumprimenta a Débora, com ar amigável, senta-se no canto do pátio e ouve os comentários dos meninos.



Léo – Quem é?

Débora – O nome dela é Marina, é mais uma “Paraíba” na escola.

Júnior – Como é que você sabe?

Bruna – Quando a menina chegou, a Débora foi se apresentar pra ela... tadinha.

Léo – Mais uma pra gente zoar.

Júnior – Essa vai chorar!



Davi passa pelo grupo.



Léo – Vai lesado!

Igor – É um ridículo.

Bruna – Deve ter puxado a mãe.

Débora – É, ela deve ser retardada também.

Júnior – Se não for pior.



Davi fica irado e senta perto da Marina.



Marina – Quem são esses abestalhados?

Davi (revoltado) – Eles não gostam de ninguém, sacaneiam todo mundo.

Marina – Meu nome é Marina.

Davi – Meu nome é Davi, você é de onde?

Marina – Eu sou da Paraíba.

Davi – Hum, eles odeiam Nordestinos.

Marina – Por quê?

Davi – Sei lá...

O grupo implica com os dois, dizendo que os dois estavam namorando.

Léo – Olha o mariquinha namorando a “Paraíba”.

Débora – Parecem dois mijões.

Grupo ( ri )



Carol vê a cena e se aproxima dos dois.



Carol – Não liga pra eles não, são assim mesmo. ( Chama a Bruna para ir embora e as duas saem )

Marina – Quem é ela?

Davi – É a Carol, é a única legal desse grupo.

Marina – Por que ela anda com eles?

Davi – Quem sabe... só sei que ela é muito amiga dessa Bruna.



Ato III ( Pátio da Escola )



Léo, Igor e Júnior se encontram.

Júnior – Qual foi, tá feliz?

Léo (orgulhoso) – Não falei que ia pegar aquele moleque, peguei o Davi no banheiro... bati muito, mané... e o otário ficou no sapatinho... Vou nessa! (sai)

Igor – Pô cara, o Léo tá pegando pesado.

Júnior – É, bater no moleque já é demais.

Igor – Já estou bolado com o Léo, ficou me zoando, só porque eu quero estudar, agora faz isso.

Júnior – Eu acho que você está certo, tem mais é que estudar mesmo... Quanto ao Léo, vai acabar seguindo os passos do pai, enchendo a cara de cachaça e querendo bater na mulher nos filhos, em todo mundo que ele encontrar pela frente.

Igor – Eu tenho notado que você anda meio estranho.

Júnior – Eu, por quê?

Igor – Sei lá, só sei que tá estranho.

Júnior – Vou te contar uma parada, mas...

Igor – Hum, o que foi?

Júnior – Cara, tô amarradão na Bruna, acho ela uma gracinha.

Igor – Ué, vocês se conhecem há um tempão e agora que você percebeu isso?

Júnior – É, foi de uma hora pra outra.

Igor – Você já falou com ela?

Júnior – Tá doido.

Igor – Dá um papo nela, quem sabe? É só chamar pro desenrolo.

Júnior – Sei não... (saem)



Marina passa por Débora e Bruna e discutem.



Débora (esbarra em Marina) – Tá cega?

Marina – Você me empurra e pergunta se eu tô cega?... O que eu te fiz pra você implicar comigo todo dia?

Bruna – Vai deixar Débora, ah não.

Débora – Além de “Paraíba” é cheia de marra, deixa ela comigo.

Marina – Você se sente melhor que eu só porque é carioca, menina metida a besta... Sua quenga!



Marina sai e Débora vai furiosa atrás de Marina, enquanto que Bruna vai encontrar a Carol.



Bruna – Carol, a chapa vai esquentar.

Carol – O que foi?

Bruna – A Débora tá bolada com a “Paraíba”.

Carol – Bruna, por que você continua andando com esses meninos, eles só querem humilhar os outros.

Bruna – Eu sei, mas às vezes eu acabo participando disso também.

Carol – Um dia isso vai acabar mal.



Léo chega rindo e encontra as duas no pátio.



Léo – A Débora tá lá na direção.

Bruna – Por quê?

Léo – Tava brigando com aquela “Paraíba”... Não sabe fazer as coisas. (sai)

Bruna – Vamos lá ver o que houve?

Carol – Não, vamos embora. (saem)



Ato IV ( Pátio da escola )



Igor, Júnior e Léo estão reunidos e Bruna está se aproximando.



Léo – Ali, Júnior, tua namoradinha.

Júnior (falando com Igor) – Pô cara, qual é? Tu é linguarudo hein.

Igor – Pô, mas eu não falei nada.

Léo – Ah é verdade né...Vocês estão de segredinho...

Igor – Não tem nada a ver.

Léo – E aí Igor, já descobriu como tua mãe vai pagar a faculdade para você estudar, vai rodar bolsinha na Central?

Igor – Não é porque tua mãe é assim que a minha vai ser também.

Léo – Ô, meu irmão, qual é?... Vai se ...( Júnior impede que os dois briguem)

Júnior – Qual é a de vocês, tão malucos? ( A Bruna chega e o Igor sai )

Bruna – A Carol tem razão, tu é um idiota mesmo. ( Sai atrás do Igor )

Léo – Aí Júnior, ela tá muito preocupada com o Igor, depois ele diz que é teu amigo.

Júnior – Qual é cara, nada a ver, ele é maneiro.

Léo – Como é que você acha que eu descobri que você gosta da Bruna?

Júnior – Ô, me deixa, tu só manda papo torto. ( Sai e Léo sai rindo atrás )



Marina chega e encontra o Davi.



Marina – Oi Davi!

Davi – Oi, eu soube que você brigou com a Débora e foram parar na Direção. Você contou, pra Diretora, o que eles fazem com a gente, aqui na escola?

Marina – Não, achei melhor deixar pra lá...(Marina percebe que Davi ficou furioso) ...Você está diferente, hoje, aconteceu alguma coisa?

Davi – Não, ainda não, mas vai acontecer.

Marina – O quê?

Davi (Mostrando a faca) – Hoje, o Léo vai se ver comigo.

Marina – Oxente , menino tá perdendo o juízo?... As coisas não são assim, não é porque eles curtem com a minha cara que vou fazer uma pôrra dessa.

Davi – Você é legal, mas, cada um sabe de si e de hoje não passa. ( Davi sai e Marina fica preocupada )



Ato V ( Em frente a sala da Diretora )



Marina chega na escola e é avisada para se apresentar na sala da Diretora.



Cláudio – Marina!

Marina – Oi!

Cláudio – A Diretora quer falar com você urgente.

Marina – Tá bom!



Marina encontra a Carol saindo da sala da Direção.



Marina – O que está havendo, na escola?

Carol – Você ainda não sabe?

Marina – Não, O que houve?

Carol – O Davi esperou o Léo sair da escola, ontem e começou a xingá-lo e quando Léo foi pra cima dele, Davi enfiou uma faca na barriga do Léo.

Marina – Como... Como isso pôde acontecer? Eu dei graças à Deus por termos saído mais cedo ontem, pois o Davi estava querendo se vingar do Léo e eu esperava que ele desistisse... Como eles estão?

Carol – Logo depois de ter esfaqueado o Léo, o Davi, ficou sentado ali assustado, como se não acreditasse no que tinha feito e a polícia o levou para a Delegacia. E o Léo está internado no hospital.

Marina – Ontem, o Davi me mostrou uma faca e disse que o Léo ia se ver com ele, mas eu não acreditei que ele fosse capaz de fazer uma coisa dessas.

Carol – A Diretora quer conversar com você... Eu contei tudo que acontecia aqui, a implicância dos meninos com você e com o Davi e todos nós fomos encaminhados ao Conselho Tutelar.

Marina – Você também? Você não tem andado com eles.

Carol – Marina, eu testemunhei tudo e não procurei ninguém para me ajudar a impedir o que acontecia... Me perdoa, eu sinto muito.

Marina – Eu sei.



Marina vai para a sala da Direção com a cabeça baixa, muito triste. ( Sai )



Carol fala para o Público.



Carol - Eu sei que essas coisas não deveriam acontecer,

mas acontecem a todo instante,

alguns as chamam de Bully,

é quando jovens “mais fortes” maltratam os mais fracos,

pelos mais diversos motivos, levando-os a cometer agressões contra todos,

e às vezes, até contra si mesmo...

Não sei se as frustrações da vida,

a intolerância contra as pessoas diferentes

e a falta de amor ao próximo são as causas desses atos...

...Vai saber...

Os jovens precisam de bons exemplos, compreensão

e carinho dos adultos que lidam com eles,

principalmente de seus pais.

Talvez só assim possamos evitar que este tipo de coisa aconteça

e fazer com que o Mundo seja muito melhor.



FIM



Peça encenada em 2005 pelo Núcleo de Adolescentes e posteriormente transformada em fotonovela.




terça-feira, 29 de julho de 2008

À Velha Fábrica I







Pedras no Sapato

Roteiro

Priscila Oliveira da Conceição, Tatiane Pedro do Nascimento e Alex Huche
Professor Orientador
Alex Huche



ATO-I ( A historia de Daiana )

Daiana chega em casa aflita, se questionando, se deve ou não contar sobre sua gravidez para o namorado, Sérgio.
Daiana conversa com Sérgio por telefone.


Sérgio – Alô!
Daiana – Alô, Sérgio?
Sérgio – Eu... Quem é?
Daiana – Como quem é?... sou eu, Daiana.
Sérgio – Fala, o que é que você quer?
Daiana – Preciso conversar com você, pode vir aqui?
Sérgio – Cara, agora não dá, fala aí.
Daiana – Tem que ser pessoalmente.
Sérgio – Ah, não dá, tô muito ocupado... Fala!
Daiana – Então... já que é assim... Eu estou grávida.
Sérgio – De quem?
Daiana – Como de quem?... De você, de quem mais seria?
Sérgio – Sei lá!... Tem certeza de que é meu?
Daiana – Claro que tenho, você foi o único.
Sérgio – Aí, quer saber?... Dá teu jeito.
Daiana – Como?
Sérgio – Preciso ir, tchau.
Daiana – Mas...



Sérgio desliga o telefone.
O Pai de Daiana escutou a filha contar para o namorado que está grávida e fica muito bravo.


Pai – Você está o quê? (muito irritado)
Daiana – Pai, você está aí?... eu... eu...
Pai Você está grávida?
Daiana – É... eu ia te contar... (chorando)
Pai – Quem foi o safado?... Ou você não sabe quem é o pai?
Daiana – É do Sérgio!
Pai – Logo o Sérgio, aquele vagabundo, que não quer nada com a vida.
Daiana – Pai...
Pai – Pai?... Você tem a coragem de me chamar de pai, você não é mais minha filha, vai embora daqui... saia daqui sua vagabunda.


Coro: Artigo 22 do ECA diz: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores de idade”.


ATO-II ( A historia de Clarisse )

Clarisse chega em casa tarde e é maltratada pela tia, com quem mora.

Tia (varrendo a casa)– Isso é hora de você chegar em casa? Nem mesmo uma... como você pode chegar a essa hora. Onde você estava?
Clarisse – Ah, não enche, me esquece...
Tia – Você não faz nada em casa, você é uma vadia igual a sua mãe...
Clarisse – Não sou nada e minha mãe não era vadia.
Tia – Você tem que arrumar a casa, tá tudo sujo...
Clarisse – Tá, tá...
Tia – Sai daqui sua inútil... fica aí fora, agora, também, não quero ver tua cara.
Clarisse – não agüento mais essa casa. (volta para a rua)

Clarisse encontra Jéssica e está muito triste e revoltada com o que houve da tia.

Jéssica – Oi Clarisse!... o que houve?
Clarisse – Oi Jéssica! Não agüento mais essa casa, minha vida tá um saco, todo dia é a mesma coisa.
Jéssica – Por que você não vai morar com outros parentes?
Clarisse – Não tenho mais ninguém.
Jéssica – Cara quando eu estou mal assim eu tomo uns remédios, que me acalmam, você quer?
Clarisse – Mas são os seus remédios.
Jéssica – Eu tenho mais, foi o médico que me receitou.
Clarisse – Valeu. (pega os remédios)
Jéssica – Preciso ir, não fica assim não, as coisas vão melhorar, tchau!
Clarisse – tchau!

A tia estranha a postura de Clarisse, desconfiada, encontra as drogas e a pressiona.


Tia – Essa menina anda meio esquisita ultimamente, vou dar uma olhada nas coisas dela. (Vasculha as coisas de Clarisse e encontra as drogas)
Tia – Clarisse, você é uma drogada, eu sabia que não devia ter ficado com você.
Clarisse- Eu não sou drogada!
Tia – Você é sim, o que são esses comprimidos?
Clarisse – São remédios, só isso.
Tia – E remédio é o que, sua drogada?
Clarisse – Eu não sou drogada. Eu vou embora dessa casa...
Tia – Vai mesmo!

Coro: O artigo 18 do ECA diz: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”

ATO-III ( A história de Rodrigo )


Rodrigo encontra Diogo e conta das suas dificuldades para o amigo, fala de sua avó, que está doente e que vai ter que mudar para a escola noturna.

Diogo – E aí, Rodrigo!
Rodrigo – Fala Diogo!
Diogo – Me dá uma força em Matemática, não entendi nada?
Rodrigo – Claro, senta aí... Cara estou bolado.
Diogo – O que foi?
Rodrigo – Minha avó tá doente, eu vou ter que sair da escola pra trabalhar... vou estudar a noite.
Diogo – Tá brincando... quando vai ser?
Rodrigo – Hoje é meu último dia... Bom...(Rodrigo explica a Diogo)
Diogo – Cara aparece lá em casa, pra batermos uma bola... Vou nessa, tchau.
Rodrigo – Eu vou contigo, vamos dar um pulo no Shopping?
Diogo - Já é!


Rodrigo chega na escola noturna, uma bagunça, alunos desinteressados e marginalizados. Rodrigo encontra um vizinho e tem problemas com uma gangue.


Vizinho – Cara, conheço você... você não é o...
Rodrigo – Rodrigo...(cumprimenta) ...moro perto da tua casa.
Vizinho – Isso mesmo, o que houve, cara?... Por que passou para a noite?
Rodrigo – Estou trabalhando, vendendo doces na rua, minha avó tá internada, tô bolado.
Cacá (se aproxima com a sua gangue) – Aí maluco, tu mora onde?
Rodrigo – Por que, algum problema?
Cacá – Aqui não tem lugar para otário?
Rodrigo – Ué, e o que vocês fazem aqui?... Abriram exceção?
Cacá – Aí, te cuida cara!(sai com a gangue)
Vizinho – Pô cara, tu é doido? Foi arrumar problema logo com o Cacá...
Rodrigo – A escola não toma uma atitude com eles, por quê?
Vizinho – Não querem ser ameaçados... aí cara, toma aí, você vai precisar. (entrega um estilete para Rodrigo) (saem da cena).

Dois alunos conversando narram a briga que acontecera na noite anterior


Aluno 1 – Cara, tu viu a porrada ontem?
Aluno 2 – Putz, o moleque novo, o Rodrigo, furou o Cacá com uma faca.
Aluno 1 – É, sinistro, agora ele não vai poder vir para a escola, tá ferrado.
Aluno 2 – E parece que a avó dele morreu.

Coro: O Artigo 98 do ECA diz que devem ser tomadas medidas de proteção a criança e ao adolescente sempre que os direitos reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados:

- Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado,
- Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis, ou
- Em razão de sua conduta.

ATO-IV ( O encontro dos meninos )


Clarisse andando pelas ruas, dopada, esbarra em Rodrigo e ele a segura, evitando que ela caia.


Rodrigo – Está tudo bem?
Clarisse – Você está cego, não me viu?
Rodrigo – Calma colega, eu só fui te ajudar.
Clarisse – Mas eu não preciso de ajuda. (sai andando e cai novamente)
Rodrigo – Tem certeza de que não precisa de ajuda? Onde você mora?
Clarisse – Eu não tenho casa, não tenho família, não tenho ninguém, não sei nem porque estou falando com você.
Rodrigo – Sei como é isso, também não tenho ninguém, desde que minha avó morreu... você tem amigos?
Clarisse – Eu só tenho um amigo que está comigo em todos os lugares. Ele me acalma, me tranqüiliza, é o meu tíner.
Rodrigo – Você se droga para esquecer das coisas?
Clarisse – Eu não sou drogada.
Rodrigo – Sei...


Daiana foge de um Homem que tenta seduzí-la e Rodrigo e Clarisse a ajudam


Daiana – Sai, eu não faço isso...
Homem – Você quer comer, não quer?
Daiana – Eu não preciso disso pra comer.
Homem – Venha cá...
Daiana – Me larga!
Rodrigo – Larga ela!... (Rodrigo puxa o estilete e Daiana corre para junto de Clarisse)

Daiana, Clarisse e Rodrigo passam a viver juntos, pedindo esmolas.

O tempo passa e a barriga de Daiana já está com 7 meses e um dia, um Homem chega e os encaminha para o Conselho Tutelar.


Roberto – Oi meninos, meu nome é Roberto, vocês estão com fome?(Dá a comida aos meninos) ...Eu faço parte de uma organização que atua junto ao Conselho Tutelar e ajuda a pessoas como vocês. Deixem-me ajudá-los? O que vocês fazem aqui?
Rodrigo – Sobrevivemos.
Clarisse – Esquecemos
Daiana – Choramos, choramos o frio da noite, choramos as mágoas, choramos a perda dos sonhos.
Roberto – Isso não é vida para vocês, isso não é vida para ninguém... Existe alguém pode ajudá-los... venham comigo.
Rodrigo – Nada pode ser pior que isso aqui, tudo bem.
Daiana – Eu tenho que pensar no meu filho, eu vou.
Clarisse – Não! ( foge com um outro menino de rua )

ATO-V ( A ajuda )


A Conselheira Tutelar chega em seu escritório.


Secretário – Oi Dona Maria Lúcia, um bom dia! Hoje nós temos dois casos: sobre os meninos de quem eu lhe falei ontem.
Conselheira Tutelar – Pode pedir para entrar a menina e seu pai por favor.

É chamada a responsabilidade de Sérgio e do Pai de Daiana.


Conselheira Tutelar – Boa Tarde! Eu sou a conselheira tutelar e os chamei aqui, porque os direitos desta menina não foram cumpridos.
O senhor pode não saber, mas enquanto ela for menor de idade, é responsabilidade sua o sustento e a educação de sua filha, pois gravidez não emancipa ninguém...
Pai (Falando com Daiana) – Onde você andou?... eu sei que errei, te procurei, mas... volta para casa.
Daiana – Pai... (abraça o pai)
Conselheira Tutelar – E o pai da Criança?
Daiana – Ele não quer saber.
Conselheira Tutelar – Teremos que chamá-lo e os seus pais, para que juntos possam assumir a responsabilidade com essa criança que esta para nascer.
Conselheira Tutelar – Vou encaminhá-los para um tratamento psicológico e o senhor para a Escola de Pais. (saem Daiana e Pai)

Entram Rodrigo e uma tia que morava distante


Conselheira Tutelar – Boa Tarde! Eu sou a conselheira tutelar e a chamei aqui, pois a Sra. é a parente mais próxima de Rodrigo e gostaria de saber se ele não poderia morar com a Sra., já que ele não tem mais ninguém.
Tia – Pode sim, mas ele terá que voltar a estudar.
Conselheira Tutelar – Nós a ajudaremos a arranjar uma escola perto da sua casa... ele é um bom menino, sei que vocês se darão muito bem.
Rodrigo – Muito obrigado tia, muito obrigado Sra. A rua não é lar para ninguém...
Conselheira Tutelar – preciso que a Sra. Preencha esses papeis.

A tia preenche os papéis.


Coro – Depende de Nós!


ATO-VI ( O FIM )


Meses depois na casa da tia de Clarisse, a tia de Clarisse briga novamente com ela e sai nervosa.


Tia – Não quero ver a sua cara quando eu voltar, ouviu bem!...eu devo ser uma idiota por aceitar você de volta.(sai batendo a porta)
Clarisse – Me deixa! ( toma todos os remédios do frasco )

Rodrigo encontra Daiana com o bebê na rua.

Rodrigo – Daiana, quanto tempo!... meu sobrinho!
Daiana – Vou levá-lo ao médico, para fazer uns exames.
Rodrigo – Como estão as coisas?
Daiana – Agora está tudo bem, Sérgio está ajudando muito com o Pedrinho, e você, como está indo com a sua tia?
Rodrigo – Legal, estou estudando muito, vou fazer prova para escola técnica.
Daiana – Que bom. Tem visto Clarisse?
Rodrigo – Vou lá agora, fiquei sabendo que ela voltou a morar com a tia. Vamos lá?.
Daiana – Que pena não vou poder ir com você... Tchau, dê um beijo nela por mim.
Rodrigo – Tchau!

Rodrigo bate na porta, chama Clarisse várias vezes e a vê, pela janela, caída morta no chão e se volta para a platéia.


Rodrigo – Por que olhas assim, como quem não entende?
Dizem que há um propósito para tudo na vida, será?
Qual seria o da vida de Clarisse?
Se até o seu nome parece ironia... a iluminada... com uma vida tão escura.
Quantas vezes, ao chegar perto de ti,
nem a deixas-te falar e com um simples gesto, a dispensou?
Talvez o propósito de sua existência seja alertar-nos,
de que, por acaso, o que ocorreu com Clarisse,
poderia ter sido com qualquer um.
É preciso ensinar a sonhar,
senão, de concreto, só teremos o chão,
piso de uns, cama de outros.
Às vezes entre o começo e o fim há um hiato de angústia, humilhação, frio, fome,
o qual Clarisse conhece por vida,

e o alívio mais imediato é a ilusão de entorpecer a mente,

anestesiar a alma, fazendo as cortinas da peça de sua vida se fecharem mais rápido
e quando o ato, por fim, tiver acabado, não terá ninguém para aplaudí-la.

Coro: “Por trás toda sombra ou vulto, existe a imagem real de um ser humano.”
Sandra Mara Herzer


FIM


Peça criada e encenada na Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes com a turma 705 no ano de 2002.

Uma homenagem aos maravilhosos loucos dessa Escola no Caju.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Matando sdd da minha infância...


Dolores Duran


Ternura Antiga
Dolores Duran

Ai, a rua escura, o vento frio
Esta saudade, este vazio
Esta vontade de chorar
Ai, tua distância tão amiga
Esta ternura tão antiga
E o desencanto de esperar
Sim, eu não te amo porque quero
Ah, se eu pudesse esqueceria
Vivo, e vivo só porque te espero
Ai, esta amargura, esta agonia

terça-feira, 22 de julho de 2008

É o Sopro do Dragão



Metal Contra as Nuvens

Legião Urbana

Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá


Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, o sábio sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão...

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais.
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, o sábio sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
Tudo passa, tudo passará...

E nossa estória não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

sábado, 19 de julho de 2008

Aos idiotas

A Banca do Distinto
Composição: Billy Blanco

Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estancaO enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal


Aos Escravos da Mauá, os alforriados, os cativos e os eternos.

Pagode Da Tia Doca - Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço?
Yvone Lara & HermÍnio Bello De Carvalho

Tristeza rolou nos meus olhos
Do jeito que eu não queria
Invadiu meu coração
Que tamanha covardia
Afivelaram meu peito
Pra eu deixar de te amar
Acinzentaram minh'alma
Mas não secaram o olhar
Afivelaram meu peito
Pra eu deixar de te amar
Acinzentaram minh'alma
Mas não secaram o olhar
Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
E revira meu avesso
Puseram a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço
Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
E revira meu avesso
Puseram a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Girassol, Giramundo



Um Girassol da Cor de Seu Cabelo
Lô Borges e Márcio Borges

Vento solar e estrelas do mar

A terra azul da cor de seu vestido

Vento solar e estrelas do mar

Você ainda quer morar comigo?

Se eu cantar, não chore não

É só poesia

Eu só preciso ter você

Por mais um dia

Ainda gosto de dançar

Bom dia

Como vai você?


Sol, girassol, verde, vento solar

Você ainda quer dançar comigo?

Vento solar e estrelas do mar

Um girassol da cor de seu cabelo

Se eu morrer não chore não

É só a lua

É meu vestido cor de maravilha nua

Ainda moro nesta mesma rua

Como vai você?

Você vem?

Ou será que é tarde demais?


A terra azul da cor de seu vestido

Um girassol da cor de seu cabelo

Se eu morrer não chore não

É só a lua

É seu vestido cor de maravilha nua

Ainda moro nesta mesma rua

Como vai você?

Você vem?

Ou será que é tarde demais?


O meu pensamento tem a cor do meu vestido.

Como o girassol que tem a cor do seu cabelo.

O meu pensamento tem a cor do meu vestido.

Qual o girassol que tem a cor do seu cabelo?




Raulzito

Sou o Que Sou
Raul Seixas

Sou o que

Sem mentiras pra mim,
Se você quer chegar me aceite assim,
Pois o fato é que eu sou
E não vou me negar

Meu sangue é seu vinho
Sua carne meu corpo
Não vou me esgotar
Mas quero de volta
Meu troco é você ter que me aturar.

Ei, eu estou aqui bem diante de você
Em qualquer homem você há de me ver.
Ei, eu estou aqui bem diante de você
Em qualquer homem você pode me ver.

Sou feito da terra
De ouro, de prata
Da lama do chão
Mas forte que ontem
Orgasmo do sonho
Da continuação.

Ei, eu estou aqui diante de você
Em qualquer homem você há de me ver.
Ei, eu estou aqui bem diante de você
Em qualquer homem você há de me ver.

Do Túnel do Tempo...



Empacado

.


Escuto apenas o que quero ouvir

e me sinto intangível

em meu posto de "teu amor".

Tuas palavras, por mais que grite,

não me convencem que tudo acabou.

Não aceito ser deposto sem tentar lutar.

Eu sei que escuto apenas o que quero ouvir.

Com a pretensão de quem "tudo" sabe,

eu sei que o destino brinca de me testar.

Sem você ao meu lado não sei mais quem sou.

O fogo em meu peito, não me deixa crer

que tudo acabou.

É tão triste o fim.

Eu grito, mas você não vem.

Eu choro em silêncio quando as luzes se apagam

e as cortinas encerram mais um ato.

Eu escuto apenas o que quero ouvir

e o silêncio da noite apaga as palavras,

as marcas e as lágrimas que o dia me deixou.

.


Alex Huche

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Só uma Egotrip.


Eu sou Egoísta
Raul Seixas

Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno Do fogo eterno, de Deus, do mal
Enquanto eu sou estrela no abismo do espaço.
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço.
Onde eu tô não há sombra de Deus.
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito
Minha espada é a guitarra na mão.
Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, você reza, você pede, você implora
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz.
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?
Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou anti-socialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ego, eu sou ista
Eu sou egoísta
Por que não...

Calvin & Haroldo


Calvin & Haroldo




domingo, 13 de julho de 2008

Ultraje

Ah, Se Eu Fôsse Homem...
Ultraje A Rigor
Composição: Roger Moreira

Ah, se eu fosse homem de ouvir meu coração e dar vazão
não à razão, mas à vontade de mudar a situação
e me arriscar, me machucar mas mandar tudo para o ar
só prá ficar com uma mulher ou prá fazer o que eu quiser
abrir meu peito, é meu direito, se eu tivesse peito
Ah, se eu fosse homem...

Ah, se eu fosse homem de aguentar que uma mulher é como um homem
e também pensa como um homem e quer sair com outros homens
e, apesar de todas as explicações antropológicas,
prática não tem explicação para o tesão
e ai, meu chapa, cê só pode reclamar pro bispo
Ah, se eu fosse homem...

Ah, se eu fosse homem de parar de me portar feito um rochedo
indestrutível e infalível, inabalável e imutável
previsível e impossível, um computador com músculos,
um chefe, um pai, um homem com H maiúsculo
eu seria o homem certo prá você
Ah, se eu fosse homem...

sábado, 12 de julho de 2008

Pã e Siringe, não adianta correr.

A Caçada

Eu te caço em feiras, bares,
lagos, barcos, mares,
em quase todos os lugares
tento te encontrar.
Mas na realidade, não sei como agirei,
se acaso te encontrar a trocar olhares
com outros que não sejam os meus.
Meus olhos se encerram ao ver
teus cabelos ondulados
na cabeça de outro alguém.
Todos os dias te caço e, pelos deuses,
não te acho.
Talvez seja melhor assim.

Alex Huche

Nossa, quanto tempo.



O Doce Sabor da Imaginação

.


Tenho o cheiro dos teus cabelos,

que passaram deixando no ar

o doce olor da vida,

guardados em minha memória.

Quero o teu jeito de menina levada,

que me leva a sentir coisas inesperadas.

Tenho o desejo de morder teus seios,

como se fossem maçãs-do-amor.

Quero percorrer a tua pele

a cada centímetro,

sentir a emoção de excursionar pelo teu corpo.

Tenho que estar colado a tua matéria

para sentir fluir o calor do teu espírito

e só assim poderei dizer que estou vivo.

Quem é você que me passa

esta vontade de te encontrar?

Será que estás ao meu lado?

Não sei.

Só tenho a certeza de que quando a encontrar,

nada que dependa de mim, vai nos separar

.


Alex Huche

Calvin & Haroldo

terça-feira, 8 de julho de 2008

"Pssiiii."



Silêncio no Afeto
Oswaldo Montenegro

Você que amei mas não amo

Saiba que a vida é assim

Já te chamei, e hoje chamo

Tudo o que passa por mim

De louco passado ou engano

Seja o que for é normal

Tá tudo certo, silêncio no afeto

O poeta canta o final


Você que foi minha amiga

E hoje nem lembra de mim

Nossos segredos não diga

São o que sobra no fim

Não sobra o que foi ciúme

Não sobra o que foi paixão

Tá tudo certo, silêncio no afeto

São pausas da nossa canção


Entrega pra outra pessoa

O amor que eu lhe dei (ele é seu)

Entrega que a vida ainda é boa

E nada que passa morreu

Desenha em alguém a pessoa

Que eu desenhei em você

Desenha e não jura

Paixão nunca dura

Valeu amiga, a gente se vê.


sábado, 5 de julho de 2008

Balé da Vida


Sem Medo

Roda Bailarina,
roda qual criança,
roda até cair no chão,
deixa o corpo pousar no ar,
desafiar a gravidade
e se render a esse torpor,
pois, cair por prazer não dói
e no fim de tudo,
sabe como é?
Do chão não passa.

Alex Huche

Para Mini mim, dançarina de Zouke, Dança de salão, Bumba-meu-boi e outra parada que não lembro o nome, dança minha querida, se cair, tô por aqui.

terça-feira, 1 de julho de 2008

"Oi Tum, Tum, bate coração!"

Coração Bobo

Meu coração tá batendo

Como quem diz:"Não tem jeito!"
Zabumba bumba esquisito
Batendo dentro do peito.

Teu coração tá batendo
Como quem diz:"Não tem jeito!"
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito.

Coração-bôbo
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João
A gente
Se ilude, dizendo:
"Já não há mais coração!"

Coração-bôbo
Coração
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João
A gente
Se ilude, dizendo:
"Já não há mais coração!"

Alceu Valença