quarta-feira, 30 de abril de 2008

Tirando uma de Poe.

Benett


Nunca Mais

Não sei bem como tudo começou,
Talvez por capricho, talvez por desejo...
Sei lá!
O que vale agora, já que os caminhos seguidos,
de tão opostos, me dizem: “Nunca mais”,
tal e qual o corvo da desesperança no umbral?
E quando penso em nós dois...
- “Nunca mais”.
Desejo beija-la intensamente...
- “Nunca mais”.
Quero abraçá-la, sentir o seu cheiro...
- “Nunca mais”.
Quero acariciar suas coxas...
- “Nunca mais”.
Olhar nos seus olhos, sentir sua respiração...
- “Nunca mais”.
Transar calorosamente com você e então...
- “Nunca mais”.
- Corvo Filho da Puta!


Alex Huche

segunda-feira, 28 de abril de 2008

No início era o verbo (amar)...



Meus Olhos Bobos

Meus olhos bobos
riem à noite escura,
onde a lua e as estrelas
iluminam meus passos.
Meus olhos riem aos beijos
dos amantes felizes.
Meus olhos sorriem,
só riem,
quando se enchem de alegria
e ternura ao te ver.
Meus olhos riem ao que é belo,
riem ao amor
que dentro de mim busca crescer.
Meus olhos que riem,
riem para você.
Alex Huche

Dias depois...

Meus Olhos Bobos II – A Vingança

Meus olhos bobos
riem da noite escura,
que com a lua,
aceleram meus passos de pavor.
Meus olhos riem dos amantes felizes,
Que temem perder
o que nunca tiveram.
Meus olhos sorriem,
só riem,
pois não há nada a fazer.
Meus olhos riem
do que é belo e efêmero,
riem do amor que escraviza e tolhe.
Meus olhos que riem,
riem de você, que teme viver.

Alex Huche


sábado, 26 de abril de 2008

Metade de mim...





Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

Oswaldo Montenegro

Tantas metades, tantas partes,
tantos cacos, que no fim,
parece não caber no todo.
Acho que no fundo,
todo mundo é assim.

Alex Huche

Medusa



Medusa

Musa dos cabelos cacheados,
em cada fio uma serpente,
seu sorriso petrifica
aqueles que a contemplam
e de ti não podem fugir.
Oh Medusa!
És minha maior contradição,
pois, a tentação de encarar-te
é tão intensa,
quanto o medo de encontrar-te.


Alex Huche

Passarinho



Egoístas

Pra que prender um pássaro
que pousou em seu muro,
cantou em seu ouvido
e quis voar?
Às vezes, o que ele busca,
é poder correr o mundo
para tentar ser feliz,
até achar um lugar
para o seu ninho.
Deixe o pássaro voar,
não prenda quem te alegrou
e não quis ficar.

Alex Huche

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ogunhê!!!

A Fera

Um doce sabor nos meus lábios e

uma vontade imensa de transpassar o fogo

e atingir tua alma,

com os olhos e as mãos cerradas.

Uma estranha energia percorre o meu corpo,

incessante, inexorável, impassível... ódio.

E num rompante,vem uma explosão de fúria,

tão intensa e precisa,

sinto o prazer de ver o medo nos teus olhos.

Ah, nada é tão doce,

quanto o gosto de sangue na boca,

principalmente, quando não é o meu.


Alex Huche


Ogum, Orixá guerreiro, preparai meu corpo e meu espírito, para defender os fracos, reconhecer os justos e afastar o mal.



Placebo de Vida...

In her silent way, Joe Sorren



Placebo

É quando durmo que me percebo

perdida numa densa neblina,
descortinando fragmentos do que chamam vida.
O silêncio de outrora não existe mais,
Pois, em mim abriga o caos
que me forma, me reforma
e me sufoca de tanto mudar
me moldando, me destruindo
e me corroendo por dentro,
como se um bicho habitasse o meu peito
Mas, em fim, acordo,
forjo-me um sorriso no rosto
como o de quem vê mais uma vez
o correr do mês de agosto.
O tempo passa, as horas passam e a vida segue,
mesmo perdida em meio a neblina.

Pamela & Alex Huche



Da série a 4 mãos e dois teclados em dois Estados.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

No fim, é o que sobra?


Viúva Negra

Meu coração de tão cheio,
tá vazio, repleto de nada e de tudo.
Tantas bocas, tantas mãos, tantas coxas
e tantas outras coisas que não devo dizer...
[não posso ou não quero...]
Que a noite sombria me enebria.
antes fosse uma garrafa de vinho
Um charuto barato,
Ou até um sussurro
um murmúrio no meio da noite
Mas, não,
é só o desejo de enlaçar teu pescoço
com as minhas mãos e te ouvir dizer
pela última vez: Amo Voxxxxê!

Pamela & Alex Huche


Mais um poema da série 4 mãos e dois teclados.

Your time's up



A Hora do Curinga

Cansei de ser o curinga que habita o seu jogo,
de ser o mais forte
e ainda assim não fazer parte de nada,
pois, não sou de paus, nem de copas,
nem de espadas e nem de ouro.
Não quero mais ser o curinga
que salta e sorri buscando chamar atenção.
Agora é a hora do curinga derrubar todas as cartas,
chegou a hora de apostar todas as fichas
e sem blefe terminar o jogo.
Cansei de ser o curinga em sua vida.
Alex Huche

Primavera

autor desconhecido

Equinócio
A primavera chegou radiante,
Perséfone deixara para trás,
Hades e o seu Reino dos Mortos.
As flores enfeitavam o caminho
por onde a deusa passava
e como sempre, Pã, o deus da alegria,
Perseguia uma bela ninfa
que fugia como Siringe.
Pã se escondera e a vira se transformar
em uma bela borboleta,
que voou em sua direção,
tocou-lhe o rosto, carinhosamente, com suas asas,
encantado com tamanha beleza,
ele lhe estendeu a mão,
mas por capricho ou por receio,
a borboleta, não pousou na palma da mão do sátiro
e voou, voou para longe de Pã,
onde ele não pudesse tocar seu coração,
sendo assim,
Pã abriu um sorriso sem graça,
limpou os seus cascos e partiu.
Como no equinócio não há prevalência
entre Apolo ou Diana,
também não há amor ou desamor
no coração de Pã.
O mundo se encanta mais uma vez
ao ver Perséfone passar acompanhada
de ninfas, náiades e Pã,
que "alegremente" dança e ri.


Alex Huche

Sandro Botticelli


domingo, 20 de abril de 2008

Um Relicário Imenso

Dorothy Tennant (1855-1926)
L'Amour Blesse 1895


Relicário


É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?


O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar onde eu não vou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor

Corre a lua porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar?
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor.
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor
O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Por que que está fazendo assim?

Nando Reis



E quando reviramos o Relicário,
encontramos o que há de mais querido em nossas vidas,
protegidos até de nós mesmos.
Mas pra quê?
Pra lembrarmos quem fomos?
O que desejamos?
Quem amamos?
Resta-me uma pergunta: Por quê?

Alex Huche



Il Ratto de Proserpina de Gianlorenzo Bernini, 1621-1622,

Esperança


Ana Maria A. Spencer



Soneto da Esperança



Quando, por fim, termina a esperança,

o que sobra em nosso peito

é a fumaça de um fogo desfeito

que sem calor nos alcança.




Quando termina o anseio do clamor

vem um vazio inulto,

de um silêncio impoluto,

trazido pelo frio das noites sem amor.




Para mim tudo era um misto de sonho e pó,

levando-me ao desespero de estar só,

vendo meu dia anoitecer.




Mas se um dia ela voltar (e há de acontecer)

que me venha como a frágil Aurora,

linda, rósea e suave como fora outrora.




Alex Huche







Aurora, deusa de longos dedos róseos, que descortinava o amanhecer. Nada como o olhar de Homero sobre o mundo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dois Corvos

Alan Lee, 1984


Odin

No meio da madrugada fria
a lua me trouxe a saudade de você,
levantei-me e caminhei até a janela.
E como Odin, soltei meus corvos,
Meu Espírito e Meu Amor.
Não sabia onde você estava,
mas tinha a certeza de que Meu Amor
voaria guiando Meu Espírito até você
e como num passe de mágica,
Meu Espírito e Meu Amor
estavam ao seu lado
e pude sentir o carinho que tenho por você
aquecer meu coração.
Vi a beleza do seu rosto ao dormir
e pedi para que Meu Amor
ficasse com você,
mesmo que não possa vê-lo,
ele estará sempre ao seu lado.
Quanto ao Meu espírito?
Voltou só, mas dormiu feliz!


Alex Huche






IVO, Ida e Volta.





Desvio de Bagagem

Somos partes de um todo,

tudo que nada basta...
e que mais me um parece vazio.
Diante desta caixa,
devo botar apenas o que quero levar.
E o que quero levar?
O que deve ir?
O que deve ficar?
O que me servirá onde eu vou?
Por que eu vou?
Já nem sei mais responder,
Parte do motivo sou eu,
A outra parte é você.
E minha caixa segue vazia,
Pra eu encher onde eu chegar.




Pamela & Alex Huche




Mas uma da série poemas a quatro mãos e dois teclados.



terça-feira, 15 de abril de 2008

Esses Pobres Moços

O que é isso que fazemos com esses jovens?



Crianças com fome, meninos enjeitados, meninas desvalorizadas, uma descrença num futuro breve e menos ainda a longo prazo.

Como acreditar num futuro digno se o exemplo visto a todo momento é:



  • daquele que se dá bem ludibriando o povo;

  • daquele que tem o respeito por andar armado;

  • daquele que só é legal porque está seguindo o rumo imposto pelo modismo;

  • que estudar e trabalhar é coisa pra otário.

Muitos meninos que passam a vida invisíveis, passam a serem vistos, só depois que portam uma arma, aí ganham notoriedade, os vemos e os tememos.

A resiliência é característica de cada indivíduo, mas pode ser estimulada em todos.
O povo tem fome e a fome do povo não é só a fome de comida, é fome de cultura, fome de esperança, fome de oportunidades e fome de sonhos.
É preciso ensinar a sonhar.
Como almejar o que não se conhece?

Como dizia o Ultraje a Rigor:
"...Indecente é você ter que ficar despido de cultura,

isso aí não tem jeito, quando a coisa fica dura.
Sem roupa, sem saúde, sem casa, tudo é tão imoral,
a barriga pelada é que é a vergonha nacional...
Pelado, Pelado, nu com a mão no bolso!"



É, o que fazemos com esses jovens?
Resistir é preciso e olhar pelos mais novos também!


Alex Huche

"...Mas agora chegou a nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês!"

Legião Urbana

segunda-feira, 14 de abril de 2008

E no País das Maravilhas...





Luar

A lua sorriu para mim,
um riso sarcástico,
sem olhos, sem rosto,
só um sorriso,
como o gato de Alice.
Ri de mim filha da puta,
quando você engordar,
tudo já terá passado.

Alex Huche




"Queria que Deus ouvisse a minha voz e transforma-se aqui no Mundo Mágico de OZ" Racionais Mc's


Sem Mágoas

Sem Mágoas

Se me afasto, o(a) acho em mim,
por mais distante que eu vá,


você está lá,
em meu peito aprisionado(a )
na minha mente, como extruso( a),
da minha vida afastado( a)
sem nem ao menos nos dizermos adeus.
Você se foi como quem foge do que mais deseja,
como um cão covarde...
que pára como quem vai voltar,
olha e segue em frente me enganando,
seguindo atrás do seu brinquedo...
Vai meu(minha) querido( a), segue o seu rumo,
toma seu brinquedo e sejas feliz...
mesmo sem mim.

Pamela & Alex Huche





Poema feito a quatro mãos on line, por mim e minha eterna aluna, Mini mim.


- Minha querida, Açailândia é longe, mas você está sempre no meu coração.

domingo, 13 de abril de 2008

Fábrica de Loucos, Maravilhosos ou Não




Fábrica

Nosso dia vai chegar,

Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço
-Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão.
Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance.
De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?
O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada,
de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.
Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais.

Legião Urbana
Composição: Renato Russo
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Que a Fábrica de Loucos possa trabalhar em paz e a todo vapor, temos muito o que fazer.
O local de trabalho tem que ser sempre um lugar sagrado.



Alex Huche

sábado, 12 de abril de 2008

Chora Criança



A Rocha

Hoje a rocha chorou, ninguém viu
só eu sei, mas de fato ela chorou.
Sua força impávida, caiu por terra,
seus olhos marejados,
suas mãos trêmulas,
sua voz embargada
e a vergonha de expor sua fragilidade.
Não sei bem o que senti,
um misto de incredulidade e fé.
Uma coisa é certa,
um pouco da Rocha ficou no meu coração.

Alex Huche

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"Por tras de toda sombra ou vulto, existe a imagem real de um ser humano."
Sandra Mara Herzer