A Chuva e Pã
Ante ao Alfeu, rio de águas puras e cristalinas,
que descem suavemente através da mata
batendo nas folhas, no mato,
rolando as pedras...
Quem poderia imaginar?
Um homem-bode sentado
toca sua flauta mansamente
e a lua brilha ao fundo,
os pássaros quietos o espiam...
Um vento sopra vagarosamente.
As folhas sobem,
os pássaros se agitam
e o Sátiro quieto, espera o encontro.
A lua se esconde trazendo a escuridão,
um vento revolto sopra
em seus cabelos desgrenhados,
trazendo-lhe um cheiro de amor
e de terra molhada anunciando que ela,
a tempestade, estava chegando.
A chuva cobriu o corpo de Pã,
ficaram assim por um bom tempo,
Pã tocando sua flauta
com a chuva banhando seu corpo
e o vento a bailar com as folhas da floresta.
O rio cresceu com as águas da chuva,
desce apressado e às vezes fica manso,
quieto, sereno em busca de Aretusa.
A lua reclamou seu reino noturno
pedindo para voltar.
O vento espantou as nuvens e a chuva se foi.
Pã, de cabeça baixa estendeu o braço
numa tentativa inútil de deter sua partida,
sentindo apenas uma última gota
a beijar-lhe a palma da sua mão,
nesse momento,
o Sátiro sorriu e correu feliz voltando para a mata,
no céu a lua voltou areinar
e o Alfeu continuou a correr em busca do seu amor.
Alex Huche